Eu gosto de culpar o mapa astral. Sou leonina com ascendente em aquário e vivo, desde que me entendo por gente, o tormento de coexistir - nem sempre de modo pacífico - com outras Pâmelas na minha cabeça cujo único objetivo, estou certa, é me enlouquecer. No meio delas, estou eu (seja lá quem eu for), tentando controlar a ansiedade, fugindo da depressão, segurando as pontas no melhor das minhas habilidades.
Não ajuda em nada o fato de eu ser uma pessoa inquieta. Fazer planos de longo prazo não faz sentido nenhum para mim porque mudo de ideia a cada seis meses - quiçá um ano. Minhas decisões são sempre tomadas no calor do momento, com pouco ou quase nenhuma consideração com o futuro, e quando o pensamento “Será que não vou me arrepender?” aparece, respondo imediatamente para mim mesma “Isso é um problema para a Pâmela do futuro”. E o eu de agora, a tal Pâmela do futuro de uma Pâmela de cinco anos atrás, está aqui arcando com as consequências das escolhas impulsivas dela - e de tantas outras Pâmelas que vieram antes ou logo depois dela.
Isso não é uma crítica, exatamente, para as muitas Pâmelas que vieram antes de mim. Mas eu gostaria muito que elas fizessem uma reunião e decidissem que porra elas querem da vida. Sabe? Eu queria que elas tivessem escolhido uma mísera coisa que fosse e se apegassem a isso como se a vida delas dependesse disso. Em vez de ficar obcecando sobre cenários imaginários, eu queria que elas se atentassem para a realidade e parassem de sonhar acordada com coisas que vão existir apenas na imaginação delas - porque elas não têm paciência para esperar as coisas acontecerem naturalmente.
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