Acho que eu era meio Alice quando criança… me entediava facilmente com as coisas mundanas e mergulhava numa realidade alternativa que existia na minha cabeça. Com frequência, confundia o real com o imaginário, mas mantive essa confusão só para mim porque eu sabia que ser louco não era normal.
Desde que comecei a trabalhar com a escrita, profissionalmente, dizia que não tinha nascido escritora – que esbarrei na escrita há alguns anos e descobri que amava fazer isso. A verdade, porém, me atingiu como um raio enquanto estava lendo O Caminho do Artista pela terceira vez, no começo deste ano…


O ato de escrever não era uma realidade na minha vida criativa, mas sempre fui uma contadora de histórias – mesmo que apenas para mim mesma. Lembro de inventar mundos paralelos, interpretar personagens que habitavam a minha imaginação… Sim, isso qualquer criança faz. Mas eu carreguei esses universos comigo até eles exigirem a minha devoção. Foi quando a escrita apareceu. Ela foi a maneira que encontrei de dar vida para a minha imaginação no mundo real.
Até hoje vivo com um pé na fantasia e outro na realidade. A minha metade Alice tenta desesperadamente encontrar o caminho de volta para a “normalidade” quando as coisas começam a fugir do controle, enquanto o meu lado Chapeleiro Maluco corre solta e desenfreada por terras distantes que desafiam as leis da física, a moralidade e os bons costumes.
“Eles dizem que para sobreviver você precisa ser louco como um chapeleiro. O que, por sorte, eu sou.” – Chapeleiro Maluco
O personagem criado pelo escritor Lewis Carrol era um cara excêntrico, de modos estranhos, com um psicológico meio abalado, temperamental e desmiolado. Simpatizei com ele. Me identifiquei. Acho fascinante a mente daqueles chamados de "loucos". De fato, acho fascinante a mente humana.
Já reparou o quanto chamamos de loucos quem nos parece diferente? Eu até acho engraçado. Mas realmente gosto de gente doida… eles são os melhores. Extremamente autênticos. Alguns até parecem seres de outros planetas. Gente doida toca o mundo para frente. São eles que não se adaptam ao status quo e fazem as coisas do jeito deles, diferente, trazem colorido para vida.
Nos dias de hoje, quando a grande maioria caminha na mesma direção, seguindo em frente cegamente sem ter noção de onde veio e para onde vai ou por qual motivo está andando naquela direção, ser considerado louco é ter a certeza de que está no caminho certo – o caminho certo para você, que você escolheu. Ser considerada louca, inclusive pela minha própria mãe, é um lembrete constante de que estou fazendo as coisas do meu jeito, que estou transformando o ordinário em extraordinário.
Acredito que todo artista vive entre mundos. Trabalhar com a criatividade é um atestado de loucura. Você vive de sonhos. Quem, em sã consciência, quer viver com a cabeça no País das Maravilhas quando a realidade é dura e exige tanto da nossa essência? Eu quero. É mais divertido. E mesmo quando as responsabilidades do mundo real invadem o meu mundo fantástico, dispenso elas o mais rápido possível para tomar chá e comer bolo de desaniversário.
Então que nos chamem de loucos, malucos, doidos... sonhadores. Não importa. Porque nós somos aqueles com coragem para colorir a vida com os nossos sonhos – para inspirar aqueles que são, constantemente, desencorajados pela sociedade.
Então... aceita um chá com bolo?
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